Anda. Num passo frenético e descompassado. Tropeçando em seus próprios passos. Desce a ladeira com seus sapatos desamarrados. Está frio. O vento corta o seu rosto pálido enquanto ele ajeita a toca em seus cabelos. Suas calças rasgadas e seu moleton sujo o trazem um aspecto singular e impreciso. Ele tenta ascender um cigarro, mas o vento não o permite saciar seu vício. Então ele para. Olha para o lado e percebe que nesta ladeira é possível enxergar metade da cidade. Senta-se ao meio-fio e finalmente consegue ascender seu cigarro. Ele começa a observar tudo a sua volta. O vento frio não é mais seu inimigo. Pelo contrário, faz parte do movimento. Enquanto ele está ali sentado, estagnado, apenas levando o seu cigarro à boca num movimento quase imperceptível. A fumaça que sai de seus lábios é levada pelo vento. Por uma fração de segundo, ele se dá conta que tudo a sua volta tem movimento. Os carros, buzinas, luzes, casas, prédios, ruas, melodias, calçadas, árvores, pessoas e animais. Tudo está ligado um ao outro. Em seu devido espaço, tempo e movimento. Há vida quando há movimento. Aquele espetáculo de vida e movimento nunca foi observado, nunca foi percebido em nenhum momento. Ele se sente único e ao mesmo tempo se sente só. Seus dedos ardem. A brasa de seu cigarro estava queimando-os. Joga o cigarro no meio-fio e se levanta.
Feliz e solitário. Pois chegou a simples conclusão que ele faz parte do movimento e que nele também existe vida.
2 comentários:
Mewww...tu és uma poetisa!
Parabéns!
Animal..insano..profundo!
Ameiii!
UAHAUHAUH
Saudadesss!
Se cuidaa!
=***
Uma poetisa literária logo se reconhece e pq?
Simplesmente porque os poetas e poetisas só escrevem a partir do amor....
Sem esta inspiração nada acontece, seu pudor as vezes só transcendem através da vida nas palavras tão bem colocas e escolhidas delicadamente dentro do coração.
Reside aí a magia do poema..
Beijos!!!!!!!!
Marina
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